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08 abril, 2009

Intempéries



No início foram eras de silêncio.

E do Corpo fez-se o Verbo.
Então tudo se exprimia em cores, texturas, odores, sons e sabores.
O sensual se expandia, enredava teias, delas fugia.

E antes da ausência de cansaço,
o silêncio tornou-se mais uma vez do Reino o Senhor.
Eram vozes soturnas, odores acres, ásperos semidoces.
De incompleto emudeceu-se o Corpo.

Houve chuva, relâmpago e nenhum trovão.
Sem aviso apareceu a expressão de sorrisos.
E o Coração tornou-se Rei deste Chão.
Perdidas estavam as Palavras corporais,  
suas experiências nem ao solo faziam sombra.
Ausente, deixou apenas uma aridez de lágrimas tomada.

Expandindo-se, o solitário senhor de emoções
Urgia de significado
Aproximava-se do Vento, acalentava o Fogo, 
alimentava a Terra e derramava-se à Água.
Inútil, se o concreto lhe faltava.

Outra vez, o silêncio. 
Denso, pálpavel, inexpugnável.

Trovão, arrepio, eclosão.
O que sonhava tormento, dormia emoção
De si mesmo usurpado
Retorna, inteiro, de corpo e coração unos
Numa Alma verbo, luz e canção.

Tatiana Mamede.

Com muitos agradecimentos e beijocas na Tia Nika pelo apoio!

Deleite-se ouvindo Breathing - Lifehouse

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